NTV: Fim do streaming próprio? Dancom mata app do Play, lança 'Super App' e aluga estúdios até pra Disney

Mudança na estratégia foca em lucrar ainda mais.

Em reviravolta estratégica, grupo de mídia desiste da "guerra das plataformas", integra novelas ao e-commerce e fatura alto alugando estúdios para rivais

Por IVAN SALDANHA, 19/12/2025 – 15h40

A Dancom pegou o mercado de surpresa nesta sexta-feira (19) ao desmentir o fim de suas operações de streaming, mas confirmar uma mudança radical em seu modelo de negócios. O aplicativo Dancomplay, como os assinantes conhecem hoje, deixará de existir no próximo dia 24 de dezembro. Mas isso não significa que a empresa parou de produzir; pelo contrário, ela quer estar em todo lugar.

Em um movimento ousado para estancar a sangria de custos tecnológicos, a companhia anunciou o Dancom One, um serviço de assinatura híbrido que integra o streaming diretamente ao aplicativo de varejo da marca, a Dancom Store.

A estratégia é clara: parar de queimar dinheiro com servidores e tecnologia de vídeo para focar no que dá lucro. Segundo apurou o Notícias da TV, o setor de Mídia e TV da Dancom faturou impressionantes R$ 2,17 bilhões em 2025, mas o lucro líquido foi considerado "minúsculo" pela diretoria. O vilão? Os custos astronômicos de manter uma plataforma de streaming exclusiva rodando.

O "Prime" da Dancom

A partir do dia 24, quem quiser assistir às novelas e séries ousadas da emissora terá que baixar o app da loja. A nova assinatura Dancom One custará agressivos R$ 7,90 mensais.

Para fisgar o cliente, a empresa criou um pacote de benefícios que ataca diretamente a concorrência:

• Conteúdo: Acesso à aba "Play" dentro da Dancom Store;

• Varejo: Frete grátis em compras acima de R$ 10 (aproveitando a logística própria da empresa);

• Parcerias: Acesso ao Clube WW por R$ 7,45 (metade do preço oficial), garantindo o streaming da parceira WWCO.

O modelo é inspirado no Amazon Prime e no Meli+ (do Mercado Livre), usando o entretenimento para fidelizar o cliente que compra eletrônicos e gadgets.

Inimigos íntimos: Globo e Disney nos estúdios da Dancom

A parte mais surpreendente do anúncio, porém, envolve os bastidores da produção física. Com a decisão de não manter mais todo o conteúdo exclusivo para um app próprio, a Dancom "destravou" seus estúdios.

A empresa decidiu alugar cerca de 35% da capacidade do complexo Estúdios Dancom – considerado hoje o mais tecnológico do país – para concorrentes diretos.

Fontes confirmam que gigantes como Disney, Warner Bros. e até a TV Globo já fecharam contratos para gravar produções nas instalações da rival. A Globo, inclusive, já rodou um projeto sigiloso no local, aproveitando a tecnologia de ponta que a Dancom importou. O que antes era um custo fixo de manutenção para a Dancom, agora vira uma receita milionária de aluguel vinda dos cofres das concorrentes.

Vendedora de conteúdo

Além de alugar o espaço físico, a Dancom assumiu de vez a postura de produtora independente. A empresa confirmou que suas novelas e séries não ficarão mais restritas ao seu ecossistema. Títulos de sucesso já foram licenciados para Netflix, Prime Video e WW+.

O Notícias da TV apurou ainda que a HBO Max está em negociações avançadas para comprar os direitos de exibição de séries originais da marca, conhecidas pelo teor adulto e estética cinematográfica.

Com a manobra, a Dancom corta em quase 100% os gastos com T.I. e infraestrutura de streaming, transformando a divisão de mídia de uma operação de risco em uma máquina de gerar caixa. Resta saber se o público vai se acostumar a ver novela no mesmo aplicativo em que compra geladeira.